Joker 2 - Um Musical Desafinado?

Joker: Folie à Deux (pt.pt: Joker: Loucura a dois; pt.br: Coringa: Delírio a Dois) é a continuação do filme Joker lançado em 2019. Contrariando o primeiro filme, o segundo decide ir numa direcção diferente e se torna quase num musical.

Joker 2 é quase um musical

A história

Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) está preso, a ser vítima da brutalidade policial que vai desde ser maçado todos os dias quando os guardas lhe pedem para contar uma piada todos os dias, até mais à frente no filme, com violência física. Na prisão, Arthur encontra Harley Quinn ou Lee (Lady Gaga) num grupo de canto dentro da prisão e os dois se apaixonam um pelo outro.

O romance se desenvolve ao mesmo tempo que Arthur é julgado pelos crimes cometidos no primeiro filme, incluindo o assassinato ao vivo na TV de Murray Franklin (Robert de Niro).

O filme alterna entre a realidade crua e fria de Arthur e momentos musicais que funcionam como escape da realidade ou como uma expressão dos seus sentimentos.

Com o desenrolar da história, a imagem de Joker acaba por se extinguir e acabamos apenas com Arthur, a pessoa doente, frágil, louca e Lee desencantada por ter chegado à conclusão que Joker é apenas uma personagem ou uma "persona" performática.

O que acho do filme

Joker 2 é bem diferente do primeiro filme e sofre de alguns problemas, mas na minha opinião, não merece todas as críticas recebidas.

O maior problema do filme é o ritmo lento e o final nada satisfatório.

Para quem não sabe, o filme acaba com Arthur sendo esfaqueado e caído no chão dando a ideia de que morreu enquanto no fundo, desfocado, vemos o seu assassino passando a faca pela boca para fazer um sorriso mais alongado. Este final surge do nada, quase como se fosse um atalho para fechar a história o mais rápido possível em menos de 5 minutos.

Arthur é confrotando com a realidade

O ritmo do filme é lento. Ficamos muito tempo à espera que aconteça alguma coisa ou de alguma coisa que seja significativa.

Os momentos musicais, que são a parte mais diferente em comparação com o filme anterior. Os momentos não são ruins e funcionam na narrativa. O que acho é que o actor Joaquin Phoenix não é um cantor e a expectativa é que "musicais" sejam perfeitos. Talvez seja uma expectativa injusta. A personagem Arthur não é perfeita e se não fosse pelos crimes cometidos, seria totalmente ignorado como uma pessoa comum, então porque razão era esperado que ele fosse um cantor exímio?

Já Lady Gaga é uma cantora fenomenal, sobre a qual não temos dúvidas sobre o seu talento. Porém no filme ela parece contida, igualando de certa forma a energia de Arthur. Não me entendam mal, Lady Gaga canta bem, mas ela não usa todo o seu poderio musical.

Arthur é confrontado com a crueldade da persona "Joker"

Para mim, os melhores momentos são a explosão no tribunal e o momento frente a frente entre Arthur e Gary Puddles (Leigh Gill). Quando Arthur questiona Gary sobre o que aconteceu, vemos o pavor de Gary tem do Arthur. 

Gary confiava em Arthur, sendo Arthur a única pessoa que não tinha feito troça da sua condição.Genuinamente Gary gostava the Arthur até ver a sua forma monstruosa. Arthur fica comovido com as palavras de Gary e tenta suprimir as suas emoções. Cena fantástica.

A outra é após a explosão do tribunal, Arthur sai para a rua e é ajudado por dois dos seus fãs. A meio da viagem, ele foge, tanto dos seus fãs como da policia, dando a ideia de que ele não está fugindo dos dois grupos, mas dele próprio, ou de tudo que se gerou a partir do Joker.

Arthur foge tanto da polícia como dos seus seguidores

O filme não merece a sua classificação de 5.3/10 no IMDB, 2.5 no Letterboxd, ou os 45/100 no Metacritic.

A minha avaliação é que o filme é incompreendido, e merece pelo menos 7.5/10. O filme é uma experiência diferente em comparação ao filme anterior e que pode deixar alguns fãs incomodados, mas a narrativa continua tão ou mais interessante que o primeiro filme.

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